sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Mulheres nos conselhos

Mulheres nos conselhos 
http://www.dgabc.com.br/Noticia/1189345/mulheres-nos-conselhos?referencia=colunas-lista
Publicado em quarta-feira, 28 de janeiro de 2015 - Do Diário do Grande ABC 
Artigo
Estive no encontro global de sócios da IIC Partners, realizado em Nova York, nos Estados Unidos, e um dos temas levantados no painel sobre mulheres em conselhos foi a criação de cotas para elas em conselhos de administração. A Noruega foi o primeiro país a estabelecer, em 2003, lei que exige no mínimo 40% dos assentos dos conselhos para o sexo feminino. A França aprovou, em 2007, legislação que regulamenta percentual de pelo menos 25% delas no conselho.
O interessante do debate é que nenhuma das presentes defendia a estipulação de cotas nos Estados Unidos. Por quê? Por um lado, todo acionista está em busca do melhor perfil em seu conselho. Por outro, porque não haveria mulheres com track record (histórico) suficiente para alimentar os conselhos de todas as companhias norte-americanas. A melhor justificativa foi dada por estudo da ONG Catalyst, que aponta que empresas que têm mulheres no conselho têm desempenho financeiro melhor dos que as que não têm. Os números falam por si: 84% em retorno sobre vendas, 60% em retorno sobre capital investido e 46% em retorno sobre o patrimônio.
O debate sobre a diversidade de gênero nos conselhos de administração é ainda recente nas discussões da governança corporativa no Brasil. Contudo, ganha cada vez mais destaque com a adoção de regras ou adesões de outros países à presença feminina nos postos de liderança.
Nos últimos 20 anos, registramos na Fesa que aproximadamente 35% dos profissionais recrutados para nossos clientes são mulheres. Infelizmente são poucas as que chegam ao topo das organizações e, menos ainda, as que chegam aos conselhos. Segundo dados do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), apenas 7,7% das mulheres ocupam posições nos conselhos de administração. Essa realidade precisa mudar, não apenas pela diversidade ou pela possibilidade de obrigatoriedade da lei, mas, novamente, porque melhora os resultados das empresas. É matemática que deveria por si só forçar a mudança de mind set (mentalidade).
O que posso dizer é que estamos atentos a este movimento, pois temos como um de nossos valores centrais a crença de que a diversidade traz riqueza. Contamos com a meta de ter 50% de candidatos apresentando diversidade – não só de gênero, mas de crenças, backgrounds etc. Não é tarefa fácil, mas estamos evoluindo com grande velocidade na identificação de mulheres para conselhos administrativos. Espero que as organizações encontrem espaço para que elas possam dar sua contribuição na esfera mais alta de suas organizações e, no fim do dia, lucrar com isso.
Denys Monteiro é CEO da consultoria Fesa.